quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Mosteiro Zen Morro Da Vargem #4 - Inserção de Aura em Budas


Fotos, nem palavras, nunca serão suficientes para descrever o que foi esse momento para mim. Sem dúvidas um dos mais importantes da minha vida, me levou para um momento de reflexão profunda sobre minha vida e o fato de eu estar aqui, neste mundo. 

Aproveitando a presença do Eido Roshi, nesse retiro que estive, houve a cerimônia de inserção de aura nos quinze budas que ficam na entrada do Mosteiro. A partir daquele momento eles deixaram de ser simples objetos, para serem objetos religiosos. 

A cerimônia saiu em dois sites, Gazeta e G1, e vocês podem visitar esses links para ter um pouco mais de detalhes, nas entrevistas que os ordenados e os monges deram.

Inclusive, retiro um trecho da entrevista do Shogen, para explicar um pouco melhor tudo isso: "Toda estátua e todo símbolo que existe, ela tem que receber 'uma alma', que é para que ele viva junto que se cercarem daquela figura"

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Mosteiro Zen Morro Da Vargem #3 - Estação Cultural e Trilha Picuã

No post de hoje vou mostrar duas áreas do Mosteiro Zen Morro Da Vargem que não ficam na parte principal, sobre a qual falei na primeira postagem, então preferi deixar uma parte só para elas. Se você não viu os primeiros posts sobre o Mosteiro, clique aqui e aqui.

Estação Cultural
A Estação Cultural é um lugar muito lindo, e bem minimalista, que fica em uma das trilhas do morro do Mosteiro. É onde fica algumas artes de artistas que já passaram por lá, além de ser um ótimo lugar pra passar um tempo nos intervalos. Ele fica aberto para que as pessoas que estejam participando do retiro possam ir sempre que quiserem. 
Vista dos morros capixabas
Bem no início da história do Mosteiro, era nessa casinha que eles faziam Zazen. Ouvi histórias do Daiju (monge que comanda o Mosteiro), ele dizia que como era um espaço pequeno alguns faziam o Zazen no lado de fora.
Foto por Felipe Hotta
Essa foto tirei quando o Zé Mario (de vermelho) resolveu fazer uma demonstração de algumas técnicas de Karatê.
Caminho de descida da Estação Cultural até a trilha que leva de volta ao Mosteiro
No nosso último dia, o retiro já tinha se encerrado na noite anterior, eu e minha mãe fomos na EC pela última vez por volta das seis da manhã e nos despedimos com essa vista. Como nesse horário nós normalmente estávamos praticando alguma atividade, nunca pudemos estar lá bem cedinho. 

Trilha Picuã
A Trilha Picuã é uma das duas trilhas que tem no Mosteiro, a outra é mais alta, segundo me disseram - eu acabei não indo. 

Apesar de parecer infinita, quando você chega lá em cima percebe que não é tão distante. A subida é bem íngreme, mas nada que seja perigoso. 
Quando chegamos lá em cima, somos surpreendidos com essa vista maravilhosa. É possível ver inclusive o trem de minério que passa por entre as montanhas.
Descida da Trilha
Outras postagens: #1 O Lugar / #2 Rotina

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Mosteiro Zen Morro Da Vargem #2 - Rotina

Vou fazer a postagem de hoje baseada nos meus horários lá no Mosteiro, para que vocês possam saber como é a rotina em um. Como vocês podem perceber, o dia começava beeeeem cedo. Quem não viu o primeiro post, é só clicar aqui

4:00am - Nesse horário, passa alguém com um sino muito irritante para acordar todos. Temos pouco menos que quinze minutos para acordar, escovar os dentes, ir ao banheiro, trocar de roupa e fazer outras coisas necessárias. Todos acordamos em silêncio, tentando não se comunicar um com o outro, e seguimos em silêncio para o templo de meditação. O objetivo disso é de não tumultuar a mente e, assim, ter um Zazen tranquilo.;
Templo de Meditação
4:15am - No templo de meditação, todos procuramos nossos lugares e entramos na posição em silêncio. Um sino toca avisando o inicio do Zazen e outro toca, quarenta minutos depois, avisando que acabou. Junto com o sino do final, também tocam os tambores e todos fazemos uma oração em voz alta. Saímos do nosso lugar, ajeitamos nossa almofada e vamos -ainda em silêncio- para o templo de oração.

Aproveito para ressaltar que Zazen não é uma meditação, Zazen é não-ação. O objetivo não é esvaziar a mente, e sim praticar a concentração, e isso se da ao manter a postura correta, sem se mover, sem agir. Obviamente, se você sentir necessidade de se mexer, você pode. Mas tem muitas coceiras imaginarias, por exemplo, e se concentrando você sabe quais são reais e quais não são. 
Livros de sutras usados durante as cerimônias matinais
5:00am - No templo de oração, todos recebemos um livro e procuramos um lugar para sentar - esperamos em pé que o monge que dará a cerimônia entre e vá até o altar, fazemos uma reverência e todos nos sentamos. Neste momento, fazemos as orações. Elas são duas e em japonês, por isso precisamos do livrinho. Quando acabamos, voltamos para o templo de meditação.;

5:30am - Voltamos para nossos lugares e iniciamos nosso Zazen por mais quarenta minutos. A partir do segundo não há mais tambores ou orações, apenas os sinos que marcam o inicio e o fim.;

6:10am - Assim que saímos do Zazen seguimos para o templo de alimentação, onde ficamos em fila esperando que todos cheguem e assim fazemos duas orações pequenas, seguidas de um "bom dia" em alto e bom tom, significando que a partir daquele momento está permitido conversar. ;

6:20am - No café da manhã comíamos okayo, que é papa de arroz com milho. Após a oração, todos pegamos nossas vasilhas e vamos para o nosso lugar esperar em pé até que todos estejam posicionados para poder sentar. Ao sentar, fazemos uma pequena oração antes de começar: "quando comemos e bebemos rezamos juntos com todos os seres, comer é a alegria do Zen e ficamos cheios da felicidade do Dharma" e comemos. Ao terminar, esperamos que todos tenham finalizado para que passem uma conserva de nabo (aparece na lateral direita da segunda foto acima) e um chá que colocamos em nossos pratos e bebemos - para que nada seja desperdiçado. Em seguida, fazemos outra oração: "comida pura já comemos e rezamos juntos com todos os seres, para ficarmos cheios de virtudes e realizarmos os dez tipo de forças" e abre-se para o café informal, podemos repetir a comida (e comer outras, eles colocam pão integral, geleia e outras coisas) ou aproveitar o tempo que resta pra dar uma descansada e escovar os dentes. Isso se repete em toda refeição.;
Minha mãe ajudando na cozinha 
No Mosteiro, em todos os lugares que você for entrar, tem que deixar os sapatos no lado de fora e virados para frente. Isso porque quando você ou alguém precisar, terá lá um sapato pronto para sair.
7:20am - Atividades são divididas para todos os participantes, desde lavar o banheiro até ajudar na cozinha. Eu fiquei na lavagem do ofurô -onde se toma banho- com mais cinco pessoas. No horário previsto todos tem que estar nos seus lugares de trabalho para começar e 8h-8:30 já estava tudo pronto. E ai o <( ̄︶ ̄)> intervalo <( ̄︶ ̄)>.

Era nesse momento em que eu parava pra pensar em quantas coisas eu já tinha feito e não era nem dez da manhã.

10:00am - Mais um Zazen. Paralelamente ocorre o Dokusan, o significado é "ficar sozinho com alguém respeitado" (tradução livre do inglês), que são reuniões privadas entre o mestre Eido Roshi e ordenados ou leigos que já participaram antes dos retiros.; 

10:30am - Kin Hin é um tipo de meditação em pé, se faz em círculos dando passos pequenos.; 

10:40am - Mais um Zazen. Zazen-Kin Hin-Zazen é meio que emendado, já que fazemos tudo no mesmo lugar.;
Café da manhã > Almoço > Jantar
11:20am - A hora do almoço é definitivamente a mais aguardada. É a única das três refeições em que os pratos variam, e é um melhor que o outro. Sério, sem palavras para a comida do mosteiro, é INCRÍVEL (ok, isso é uma palavra). Tanto que eu e a minha mãe compramos o livro de receitas. O mesmo procedimento do café é repetido. E ai temos intervalo.;

Nesses intervalos algumas pessoas iam cochilar, outras passear pelo mosteiro, trilhas ou até a estação cultural. Eu passeava no inicio, mas depois comecei a dormir mesmo, hahaha. 

1:30pm - Zazen. Sim, é muito Zazen. Mais especificamente, sete por dia. 
Eido Shimano Roshi no Teisho
2:00pm - Teisho é uma palestra com o Roshi, em que sentamos no templo de oração e o ouvimos falar sobre a história do Rinzai Zen (o Zen budismo tem duas escolas, a Rinzai e a Soto, o mosteiro que fui é da escola Soto, o Roshi é da Rinzai, e esse foi um encontro histórico entre as duas escolas que não acontecia há mais de 30 anos), ou sobre qualquer outra coisa que ele queira falar. 

3:30pm (☆ω☆) comer (☆ω☆) normalmente os lanches são biscoito com suco, algumas vezes foram bolo e outras mingau. 
Templo de banho
4:00pm - Os templos de banho se dividem em ala masculina e ala feminina, e possuem um ofurô com três chuveiros e quatro boxes individuais com chuveiro. O banho começa primeiro para os ordenados, quando eles acabam abre-se os banhos para os leigos, e todos esperamos sentados em fila.

6:00pm - Zazen. 

Sei que pode parecer cansativo tanto Zazen por dia, justamente por isso o Daiju ficou preocupado com a minha idade, mas apesar de não ser a parte preferida dos praticantes, também era bom fazê-lo. Havia momentos em que eu ia com zero vontade e havia outros em que eu ia tranquila e fazia um Zazen maravilhoso. 
Nossa última janta juntos, em uma Sexta-Feira, dia de ♡  pizza 
6:40pm -  Ao sair do Zazen, todos nos encaminhamos para o templo de alimentação e esperamos na porta até que comece oficialmente e possamos entrar. Todas as noites, a janta era sopa (das mais variadas). Repete-se todo o o processo do café. No final do jantar formal, abre-se o informal e ai podemos comer novamente, ou ir para o quarto, ou qualquer coisa. 

8:00pm - O último Zazen do dia, e paralelamente o Dokusan. 

8:00-9:30pm - Esse intervalo de tempo serve para quem quer ir dormir mais cedo, para quem quer ficar conversando, ouvir histórias (nesse retiro tinha um contador de histórias profissional, o Sérgio, que só contava histórias incríveis), entre outras coisas. 

9:30pm - Nesse horário todos já devem estar em seus quartos e prontos para dormir, depois dele não se pode mais ficar de luzes acesas.

Eu não sei o que vocês acharam da rotina no Mosteiro, mas eu adorava estar lá e fazer tudo o que era proposto, até mesmo sete Zazen por dia. Me sentia extremamente em paz e o mundo parecia ser feito de algodão doce de tão leve que eu me sentia. Inclusive, saudades. 

Para quem perdeu o primeiro post sobre o Mosteiro, clique aqui. Nos próximos dias estarei fazendo outros contando sobre a minha experiência e o lugar!